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Nádia Araújo: Artesã quilombola de Macapá inspira luta e resistência com autoconhecimento e equilíbrio

Janete Carvalho


RESISTENCIA NÁDIA

A série “Resistência” da Rádio Difusora de Macapá destaca, nesta edição, a trajetória da artesã Nádia Araújo, de 43 anos, estudante, mãe e moradora do Quilombo do Curiaú, em Macapá


A representatividade é um tema fundamental quando se trata da participação das mulheres negras em espaços de poder. Mesmo com avanços em termos de igualdade e justiça, a população negra ainda enfrenta desigualdades significativas, especialmente no mercado de trabalho. No entanto, essas mulheres têm se mobilizado para garantir seus direitos e os de suas comunidades.


A série “Resistência”, produzida pela Rádio Difusora de Macapá, destaca nesta edição a vida, a luta e as conquistas da artesã Nádia Araújo, de 43 anos, estudante, mãe do Artur e moradora do Quilombo do Curiaú, em Macapá.


Ela conta que está sempre em busca de mais conhecimentos, principalmente na área artística, onde atua com dedicação.


“Estou sempre buscando conhecimento para construir a minha história, o meu protagonismo dentro da minha comunidade. Essa experiência é transcendente e buscar conhecimento não te para no tempo; você está sempre em movimento.”

Para vencer preconceitos e as barreiras do cotidiano, Nádia ressalta que os desafios devem ser enfrentados não somente no mês de novembro, mas todos os dias, através do autoconhecimento e do equilíbrio mental.


“Novembro, para mim, é um mês de estudo e de meditação. Sempre tive essa preparação do meu autocuidado, e não só no mês de novembro. No mês de novembro, a gente celebra; na verdade, a gente, como mulher preta de quilombo, celebra todos os dias. Quando você busca autoconhecimento, equilíbrio mental e físico, e toda essa conexão e energia, especialmente quando acontece a missa dos quilombos na UNA, todo mundo se prepara para esse momento. Viver essa energia é muito importante.”

Para incentivar outras mulheres, dentro e fora de sua comunidade, ela ressalta a importância do conhecimento, especialmente da afrodescendência.


“Procuro sempre ter referências pretas na minha dança, no meu cabelo. Eu vivo isso constantemente ao acordar, viver aqui no Curiaú, ter esse desenvolvimento, buscar conhecimento sobre as ervas, que eram uma tradição da minha bisavó, e de alguma forma viver isso mesmo. Vivo uma forma de incentivar outras mulheres quando arrumo meu cabelo, meus dreads, quando danço e quando mostro no meu trabalho. Colocar as minhas alunas com uma pegada bem afrocentrada é a maneira que encontro para incentivar outras mulheres.”

Nádia relata que sempre trabalhou com mulheres: ela ensina e desenvolve ideias para outras mulheres. Para ela, empreender é uma forma de mudar a vida das pessoas.


“Para mim, empreender de forma preta, fazer um acessório que a minha avó usava, uma corrente sobre a cintura… Eu posso estar criando esse produto, porque minha avó usava lá no tempo dela e agora eu faço como acessório. Então, eu quero ter autonomia. Quando fui estudar, percebi que precisava me centralizar na minha cultura e olhar para o meu povo, ver o que eles faziam, como empreendiam. O povo preto empreende de uma forma tão natural que não precisa de muitas coisas, e isso é ter autonomia.”

O relato de vida de Nádia é, sem dúvida, um grande exemplo de superação, luta e, acima de tudo, resistência. Vencer esses desafios é, sem dúvida, uma marca da mulher negra registrada na história do Brasil e do mundo afora.



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