Janete Carvalho

Comemorar os 267 anos de Macapá, capital do estado do Amapá, é, sem dúvida, uma viagem fantástica no tempo. E uma dessas viagens nos leva ao Igarapé das Mulheres, conhecido assim na década de 40, quando o Amapá ainda era território. Ao longo dos anos, o local se transformou no bairro Perpétuo Socorro, que possui uma enorme importância cultural e é parte fundamental da história da cidade.
Segundo dados históricos, o local recebeu esse nome em homenagem às mulheres que lavavam roupas às margens do rio Amazonas, um cenário apropriado para a inspiração de grandes poetas amapaenses, entre eles Osmar Junior, que compôs uma de suas canções mais famosas, "Igarapé das Mulheres". Ele explica o profundo significado da música.
“É a significância da mulher dessa época, ou seja, a força, essas mulheres que criavam 10, 11, 12 filhos, 15, 20. Isso, depois eu vim analisar, que, na verdade, essa fotografia que eu fiz musical, ela olha para a mulher da época. A mulher da época era muito forte, ela era mulher, ela era mãe, legítima e adotiva, e ela carregava duas latas, quatro latas de água por dia e lavava, assim, umas seis trouxas de roupa, é muita roupa. Então eu parei para analisar o Igarapé, ele é uma análise também da mulher em relação à força e à originalidade da mulher de verdade. Eu desejo a Macapá muita saúde, parabenizo o povo amapaense pela sua alma tão gentil.”
O Igarapé das Mulheres é também considerado um dos principais pontos de movimentação da economia regional e está repleto de histórias para contar. Mesmo com a mudança de nome, até os dias atuais é chamado de Igarapé das Mulheres. O vai e vem de barcos que aportam por lá demonstra um pouco dessa realidade, assim como os moradores do bairro, que constituíram famílias ao longo dos anos e não arredam o pé, pois encontraram no local o seu porto seguro, como é o caso de Dona Raimunda Leão Rodrigues, que já mora no Perpétuo Socorro há 50 anos.

“Podem falar desse bairro, mas para mim é o melhor bairro da cidade, porque foi aqui, bem dizer, que eu me criei. Eu gosto desse bairro demais e daqui não saio. Todos os meus filhos moram aqui, tudo perto, eles vão casando, vão ficando aqui.”
Adriano Rodrigues trabalha como locutor de carro. Ele cresceu no bairro e também criou seus filhos lá.
“Eu, Adriano Rodrigues, nascido e criado aqui no Igarapé das Mulheres, me sinto feliz, porque criei meus filhos também aqui dentro do bairro, constituí família e até hoje, como eu sempre falo, continuo por aqui. Então, quero parabenizar Macapá, viva o nosso Perpétuo Socorro, nosso Igarapé das Mulheres!”
Adelmo Sena trabalha há mais de 20 anos no mercado do peixe, ponto importante da cidade que alterou o cotidiano do bairro. Ele fala da importância do local:
“O mercado do peixe para nós foi a melhor coisa que veio na nossa vida, porque antes nós trabalhávamos na beira do Igarapé das Mulheres, com umas barraquinhas, e aí veio o mercado do peixe para nós vender o nosso peixe e tirar o sustento dos nossos filhos e da nossa família. Eu dou meus parabéns para Macapá por representar esses grandes mercados e a nossa feira do pescado, que tem muita importância. Isso aí, parabéns Macapá, nesse grande aniversário, terça-feira.”
Ao longo dos anos, suas ruas se tornaram muito movimentadas, e lugares como a Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, a Feira do Pescado, a Orla de Macapá e uma das ruas mais conhecidas do bairro, como a Pedro Américo, marcam esse lugar, que recebe gente de todos os cantos. O Igarapé das Mulheres encanta todos que nele passam, assim como toda Macapá. Que, nesses 267 anos, sejam comemoradas grandes e inesquecíveis lembranças.

Kommentare