Marcelo Guido
O agente já estava sendo investigado por corrupção e foi surpreendido durante uma revista (FOTO: Divulgação/Sejusp)
Na última segunda-feira (11), um policial penal foi preso em flagrante enquanto tentava entrar com drogas e celulares no Instituto de Administração Penitenciária do Amapá (Iapen). O homem, que já estava sendo investigado por corrupção, foi surpreendido durante uma revista da Unidade de Vigilância Disciplinar (UVD) ao passar pelo detector da unidade.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta terça-feira (12), na sede da Secretaria de Justiça e Segurança Pública do Amapá (Sejusp), o delegado César Ávila, responsável pela investigação, explicou como a prisão foi realizada.
“Já havia suspeita, e já tinham me comunicado sobre o suspeito. Eu estava em investigação, acompanhando e desenvolvendo o caso. Ontem (segunda-feira), por volta das duas horas, quando esse policial penal saiu para o almoço e retornou, ao passar pela vistoria, os agentes perceberam que ele tinha um volume na cintura. Em vez de colocar o celular na bancada e passar o colete pelo raio-X, ele recolocou o celular no bolso do colete. Isso chamou a atenção do policial que estava fiscalizando, e ele acionou outros agentes para tomarem as providências. Então, os policiais passaram a acompanhá-lo. Observaram que ele foi até o alojamento, pegou uma mochila e foi ao banheiro. Ao sair, decidiram abordá-lo. Na revista, ele abriu o bolso do colete, onde os celulares foram encontrados. Esses celulares seriam entregues aos presos e levados aos pavilhões. Os aparelhos estavam embalados para se parecerem com um bloco só, o que ele usou como método para tentar passar pelo scanner sem ser identificado”, contou.
Ávila destacou que o suspeito tinha certo conhecimento de como conseguir passar o material ilícito pelos muros do instituto e detalhou a abordagem que resultou na apreensão de mais de 90 mil reais na casa do servidor.
“Ele tinha um conhecimento maior da rotina, de como o sistema funcionava. Aproveitou-se de algumas brechas, como empilhar os celulares para que, ao passarem pelo scanner, apenas o objeto de cima fosse identificado, como uma imagem capturada de cima, sem verificar o que havia embaixo. Ele usou esse método para burlar a fiscalização. Mas, pela atenção do policial penal que estava de plantão, foi possível identificá-lo. Na abordagem, os celulares foram encontrados na mochila que ele levou ao banheiro, juntamente com a droga. Posteriormente, fui acionado e fui ao Iapen. Os policiais penais já tinham dado voz de prisão, e o suspeito começou a revelar informações. Com a investigação em andamento, fomos até a residência dele, onde revelou que tinha 95 mil reais em espécie, resultado dos pagamentos que recebia para repassar esses objetos aos presos. Identificamos também alguns bens de valor significativo, como motos, capacetes e um veículo. Entendemos que esses bens são frutos do crime, e já foram apreendidos para dar continuidade à investigação”, detalhou.
Adilson Galvão, Corregedor Penitenciário, falou sobre o verdadeiro papel do policial penal e o respeito que os servidores têm por sua corporação.
“É importante ressaltar que a verdadeira conduta de um policial penal foi a de prender o colega. Foram esses que deram voz de prisão, mostrando que a maioria dos servidores desta corporação não compactua com atos criminosos. A esses servidores, agradecemos e esperamos que continuem com esse comportamento e vigilantes. A Polícia Penal é composta, em sua imensa maioria, por servidores honestos e trabalhadores, que querem cumprir seu dever e retribuir à população pelo que lhes é pago”, resumiu.
Após a prisão em flagrante, o homem foi conduzido ao Ciosp do Pacoval pela Polícia Penal e aguardou a audiência de custódia, que foi realizada na manhã de terça feira, o juiz Robson Timóteo Damasceno decretou a prisão preventiva do servidor .
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